segunda-feira, 3 de maio de 2010

A Casa Grande

A Casa Grande foi sede da Chácara Estreito de propriedade do Cel. Antonio Enéas Pereira Mendes e de D. Regina Sabóia Ximenes de Aragão. Era uma construção imponente, com pé direito de 4 metros, paredes externas com largura superior a 60 centímetros, janelas grandes que abriam para fora e, por dentro, eram protegidas por portas altas com tramelas, portas externas duplas com sistema semelhante às janelas e entradas para o porão em lugares estratégicos. Na foto a seguir, a neta D. Olga em companhia de sua nora Iolanda e de seus netos Victor e Arthur, na parte frontal da construção, no local onde havia uma área e onde foi tirada a foto das bodas de ouro do casal, em 1932. D. Olga e seu irmão Assis, conheceram e viveram boa parte de sua infância nesta chácara (nas férias, principalmente, entre os anos 30 e 40). D. Olga diz que D. Regina era carrancuda e de pouca conversa (principalmente com as crianças). Já seu avô era muitíssimo gentil e carinhoso. Tio Assis (já falecido) contava que ele o tratava por Capitão Assis e que gostava de lhe atribuir pequenas tarefas, que ele fazia com muito gosto.

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Na frente e na lateral esquerda, havia uma área onde, segundo D. Olga, o Cel. Antonio Enéas costumava armar sua rede. Abaixo das janelas, havia um batente onde as pessoas sentavam-se para conversar (veja na foto acima). A entrada era no lado esquerdo da casa, onde havia uma pequena escada (foto abaixo). Nesta pequena sala, havia “algumas poltronas, um espelho e uma cristaleira muito bonita” – diz D. Olga.

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Nesta sala, havia três janelas e três portas (uma delas a de entrada), o que lhe garantia um ambiente claro e arejado. Uma das portas levava ao quarto do casal, o qual era interligado com outro quarto mais ao fundo. Conta-se que ali havia uma entrada para o porão. Na foto aparecem os possíveis cortes para tal. Entretanto, nada restou do piso original ou mesmo do porão (aparentemente soterrado).

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A outra porta leva à sala de jantar, onde havia uma grande mesa, quadros e uma Santa no canto esquerdo de quem entrava. Entre as janelas, armadores. Ao fundo ficava a despensa, à direita, quatro janelas e à esquerda, três portas que levavam, pela ordem, a um salão, a um quarto e à cozinha. O salão (na visão da criança Olga) era enorme e possuía um candelabro. Havia um acesso direto do quarto do casal para o salão. A iluminação era a carbureto, velas e lamparinas. O quarto também era interligado a um outro ao fundo. A cozinha era ligada à despensa, a outros cômodos à direita e possuía janelas que davam para o fundo da casa.

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A entrada do porão, ficava embaixo da cozinha, no fundo da casa. O porão se estendia até à frente da casa, sob todo o corpo descrito até agora. Segundo Tio Assis, em volta da casa, nas paredes do porão, haviam seteiras para, eventualmente, se fazer a defesa da casa. Nota-se, em toda a construção, as características militares próprias das antigas fortificações.

A cobertura foi feita de telhas grande e de tamanhos irregulares (na foto acima se vê algumas encostadas na parede), provavelmente feitas “nas coxas” como se diz. A sustentação foi feita com bambús entrelaçados, sustentados por troncos de carnaubeiras. Os tijolos também eram grandes e devem ter sido feitos ali mesmo (foto abaixo).

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Havia comunicação praticamente entre todos os cômodos da casa. Na lateral esquerda, ficavam os quartos dos empregados, que dava diretamente para o pasto. Contam que ele jamais possuiu escravos, por ser contra essa prática. Havia, inclusive, uma senhora que D. Olga chama de “mãe preta”, que foi ama de leite de alguns dos filhos do casal.

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Do banheiro, que ficava na parte externa da casa, sobraram apenas ruinas. Era dividido em duas partes: uma para o banho e outra para outras necessidades. Havia um sistema de distribuição de água (cozinha e banheiro) que não consegui identificar. No fundo do benheiro ficava um enorme bebedouro (ou reservatório de água), do qual só existem vestígios. A escada que dava acesso à área também está em ruinas, conforme fotos a seguir.

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A construção, no geral, é imponente, embora esteja em semi-ruínas. Nesta visita, me deu a impressão de que estava sendo desmanchada. Não sei quem são (não houve tempo para apurar) seus atuais proprietários. Em conversa com o primo Ademar de Fortaleza, ele me informou que pretendia adquirir o imóvel. Tomara que o tenha feito.

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Apenas a título de curiosidade e utilizando um programa gratuito, reconstruí a Casa Grande, para termos uma idéia de como seria na época e o resultado está na imagem a seguir.Reconstruçãoestreito

Aqueles que se interessarem, poderei enviar detalhes da construção e outras informações. De toda forma, acho que valeria a pena o nosso empenho no sentido de salvarmos esse patrimônio que, além de ser histórico no sentido geral, é uma parte da nossa história, em particular.

Aguardo os comentários.

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